48.º CCBM DESPEDE-SE DA “TERRA DE BOA GENTE”

O Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, encerrou, esta sexta-feira, o 48.º Conselho Consultivo do Banco de Moçambique (CCBM), realizado de 1 a 3 de Novembro corrente na cidade de Inhambane, a emblemática “Terra de Boa Gente”. Esta reunião do banco central juntou antigos governadores, membros do Conselho de Administração, antigos administradores, assessores, gestores e técnicos do Banco de Moçambique (BM), autoridades governamentais, representantes de instituições de crédito e sociedades financeiras, academia e parceiros.

Para o presente Conselho Consultivo, o tema escolhido para a sessão pública foi “Desafios e Oportunidades para a Maximização do Potencial Turístico de Moçambique: o Caso da Província de Inhambane”, que levantou frutíferas discussões e contribuições dos participantes.

Rogério Zandamela justificou a escolha referindo que “este tema foi escolhido em reconhecimento do elevado potencial turístico que o País, em geral, e a província de Inhambane, em particular, apresenta, sendo, no entanto, o seu contributo para a economia, através de geração de emprego digno para as famílias, negócios ao longo da cadeia de valor, receitas para o Estado e divisas para o apoio à balança de pagamentos, ainda bastante limitado”.

O Governador referiu que em 2019, a título de exemplo, o sector de turismo na província de Inhambane, com uma extensão territorial de cerca de 69 mil quilómetros quadrados, empregava em torno de 7519 pessoas, um número inferior ao registado no Arquipélago de Zanzibar, que, com uma extensão territorial de 2654 quilómetros quadrados, no mesmo ano empregava cerca de 22 000 pessoas.

O Governador disse que a materialização das recomendações feitas no estudo e que emergiram das discussões poderá ser útil para melhorar a contribuição sectorial do turismo e de outros sectores afins no produto interno bruto, impulsionando o crescimento da economia, em direcção ao seu nível potencial, no médio e longo prazos, em estreita coordenação com as autoridades competentes.

Na sua intervenção, o dirigente mencionou as visitas realizadas pelo BM a empreendimentos económicos locais, nomeadamente a Poelela Fisheries, Crede Mozambique e DADTCO Mandioca Moçambique, unidades fabris que se dedicam à produção de diversos bens maioritariamente exportados, com uma parte comercializada no mercado interno.

“Não obstante o impacto negativo dos choques climáticos e outros desafios enfrentados por aquelas unidades produtivas, testemunhámos com agrado o contributo delas na criação de emprego e na geração de rendimentos para as comunidades locais, e para a província de Inhambane, em geral” – disse Rogério Zandamela.

Ainda no decurso deste Conselho Consultivo, o BM apoiou duas iniciativas locais, no âmbito da sua política de responsabilidade social corporativa, nomeadamente, os centros de acolhimento Laura Vicuña e Carolyn Belshe, que beneficiaram de apoio financeiro destinado a obras de melhoria das infra-estruturas e apetrechamento.

O Governador encerrou o evento reiterando agradecimentos ao Governo da província de Inhambane e munícipes da urbe pelo acolhimento e hospitalidade durante a preparação e realização do CCBM, bem como à Comissão Organizadora, pela dedicação para que este fosse bem-sucedido.

AUTORIDADES DA PROVÍNCIA CONGRATULAM BANCO EMISSOR

O Director Provincial do Turismo, Emídio Nhantumbo, falando em representação do Governador da província de Inhambane, Daniel Chapo, e o Presidente do Conselho Municipal da cidade do mesmo nome, Benedito Guimino, convergiram ao congratular o banco central por ter eleito a província como acolhedora do evento.

As autoridades reforçaram a convicção sobre o elevado potencial turístico daquela província e manifestaram abertura para continuar a colaborar para o desenvolvimento local e do País.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A MAXIMIZAÇÃO DO POTENCIAL TURÍSTICO DE MOÇAMBIQUE: O CASO DA PROVÍNCIA DE INHAMBANE

O Director do Departamento de Estudos Económicos, Carlos Baptista, apresentador do tema da sessão pública, disse que os maiores entraves à maximização do potencial do turismo na província de Inhambane, e em Moçambique, no geral, estão relacionados com o défice de infra-estruturas e serviços públicos, ambiente de negócios desfavorável, fraca priorização efectiva do sector pelo Governo, baixo nível de diversificação de produtos turísticos e marketing do destino turístico Moçambique/província de Inhambane, défice no rastreio da receita gerada e na estrutura de taxas do sector.

Tomando como referência o caso de sucesso de Zanzibar, Carlos Baptista defendeu que o estudo recomenda a identificação de uma circunscrição territorial em função do seu elevado potencial turístico na província em apreço, como zona turística franca, a título experimental, para que o sector traga maiores benefícios socioeconómicos, de forma sustentável.

Baptista entende que a transformação estrutural do sector passa por dotar a zona de instituições profissionalizadas, realizar investimentos em infra-estruturas, engajar grandes cadeias de hotéis internacionais, reforçar – através da digitalização – os mecanismos de rastreio de receita, aperfeiçoar a grelha de taxas e reforçar o preconizado na legislação sobre o repatriamento da receita de exportação de bens e serviços.